FOZ
DO IGUAÇU A CIDADE TURÍSTICA
...após
a FRENTONA...
Artigo:
Movimento Revolucionário.
Tomé subia
a avenida JK, em Foz do Iguaçu, na altura do Corpo de Bombeiros quando um
jovem, de mais ou menos 23 anos, lhe perguntou:
- Têm um cigarro?
O
‘jovem velho’, parecia uma Cátaro (na forma corporal) dos tempos das primeiras
inquisições da Santa Igreja, a que foi chamada, a investigar casos de pessoas
que estavam pervertendo o sistema feudal e moral da época e estavam sendo
julgadas e sentenciadas à morte pelos populares. Pois bem, o sujeito era pele e
osso. A voz fraca, como é tênue a luz do sol no inverno rigoroso. Conseguiu
expressar-se com muita dificuldade, toda a sentença parecia mais um chamamento:
Oh, oh, oh, / ei, ei, ei.
Em
fração de segundos Tomé percebeu que se tratava de uma alma enferma, que a propósito,
ou não, estava sentado em frente a uma entrada, onde moram alguns Franciscanos,
que fizeram o “Voto de Pobreza”. Estaria no lugar certo se procurasse alimento
para a alma e no lugar errado se procurasse alimento para o físico. Mas parecia
que não procurava nenhum dos dois. O local em que estava era o “ponto” de circulação
de usuários de drogas, quando o sol se põe.
- Tenho, disse Tomé. E lhe deu
um maço de cigarros Marlboro Gold que tinha alguns cigarros. Com rapidez tirou
um do maço e disse com sofreguidão:
- Tem brasa!
- Tenho, disse Tomé, e lhe
emprestou o isqueiro.
Enquanto
ele acendia o cigarro, permaneceu sentado, Tomé observou que à sua frente
tinham três latinhas: uma verde, uma vermelha e outra amarela: Coca, Guaraná e
Skol. A cor deve ter sido considerada na confecção do produto. As latinhas,
como matérias primas, haviam sido transformadas em uma espécie de cachimbo de
crack! E estavam à venda, para usuários.
Devolveu
o isqueiro e Tomé seguiu para o trabalho, eram quase 12 h e Tomé ia substituir
outro vigia, no edifício onde trabalhava. O pobre Cátaro do século XXI, na
infeliz cidade estatista do extremo Oeste do Brasil, não tinha ânimo para dizer
mais nada! Apenas sorvia longas tragadas.
Tomé
havia notado, as curtas e sofridas palavras do ‘Cátaro’. E entre as duas
sentenças, e depois, o silêncio. O ‘Cátaro’ notou que Tomé havia observado
todos estes sinais e, os ‘seus produtos à venda’, e, que de alguma forma, ele,
o Cátaro, alma, havia mostrado algo a Tomé, algo, além da imaginação mundana,
ironicamente vulgar, onde o que se está em jogo para ele, o ‘Cátaro’, não é a
morte transitória, mas, o sentido da vida, daquela vida, quando se perde a fé,
em uma sociedade sem Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário