domingo, 16 de outubro de 2016

Vamos a Guajira, Vamos a Bailar




Vamos a Guajira, Vamos a Bailar


Por recomendação de uma pessoa que admiro, comecei a ler o Livro de Antônio Callado. Um livro que trago comigo há trinta e cinco anos e nunca havia lido. Um livro de 1977, um momento de grande efervescência do comunismo 'cultural, após as ‘guerrilhas malsucedidas.   O trecho que li era sobre o Ossuário, onde o assunto são: os ossos, a igreja, os padres, os revolucionários, um casal de britânicos, a origem das ONGs. Um livro de fácil leitura, que conta as histórias dos agentes do comunismo no Brasil ..., mais ou menos agentes, mais ou menos conscientes ..., e isso é mesclado à realidade do cotidiano, da ‘exploração, das minas, dos capatazes etc. Um livro didático de apoio cultural ao 'movimento comunista.

Na composição deste sonho que vou relatar, também entra um documentário sobre Cuba e as palavras de Leonardo Boff sobre a escolha do povo cubano, ‘a opção do povo cubano pela pobreza. Onde trabalho tem um senhor com sobrenome Boff e isso criou uma espécie de fixação do nome, com estranhas coincidências, de fora deste mundo material. A opção do povo cubano seria como uma opção tribal de um povo que não quer manter relações com a 'civilização, por entendê-la ameaçadora (o capitalismo e a burguesia – uma antiga posição do comunismo). Entretanto, esta ‘ameaça capitalista foi a forma encontrada pela humanidade de alimentar bilhões de bocas e evidentemente, neste percurso coisas ruins acontecem, entremeadas a coisas boas, como por exemplo a primeira 'privada, WC, levado ao Oriente, com ‘papel higiênico.

‘Vamos a Guajira, vamos a bailar, é uma música agradável de se ouvir. Um ritmo malicioso, para levantar defunto. O ritmo induz a tudo o que seja, o prazer da carne. Tenho consciência da miséria em Cuba. Mas também sei que, nem tudo pode ser miséria o tempo todo, a natureza encontra formas de opor-se: em um campo de concentração um pedaço de pão é uma coisa boa, desde que se possa comê-lo. O uso da prostituição de menores em Cuba é realmente algo assustador. São os 'educadores quem acertam os negócios, com ‘guias de turismo que trazem os interessados e isso, já é acertado com as meninas, que querem dólares. É um submundo, onde praticam um tipo de crime contra a pessoa, ao Estado isso é vantajoso e por isso continua a existir, o que as coloca na condição de agentes do sistema em início de carreira.

Ao lado disto, Cuba é cercada pelo mar e suas praias não cercam o mar. O vento que vem do mar sempre traz algo novo, mesmo que não seja visto é sentido. Isso aumenta o sentido de liberdade humana. Desafia a liberdade humana, todos os dias. Quase um sopro de vida em oposição à vida regrada; em especial nas cidades grandes, dos diversos países latinos, onde as pessoas vivem em casebres, condomínios populares em casinhas de pombos. Favelas, morros, nas beiras de rios de ‘lavagem dos restos de vida humana ..., ou espaços frios de concreto, aço, onde o vento é encanado, viciado e cheira a mofo.

Em função desta ‘liberdade, uma liberdade oferecida pela natureza ao povo cubano, pela própria condição geográfica de Cuba, meu sonho me coloca em um ‘taxi cubano, com um destes ‘guias. Ao menos este tipo de liberdade existiria em Cuba? Realmente este parecia ser o propósito do sonho. A procura de uma liberdade escorregadia que independa das ações do Estado. De repente o motorista para o táxi em um ponto. Este ‘ponto, tem relação com os locais onde muambeiros negociam mercadorias, que ficam nas ruas próximas à aduana entre Brasil e Paraguai: um local sujo, pela intensa movimentação: caixas e sacos no chão, copos e colheres plásticas. Algo comparável a cidades abandonadas ou, cidades como as do Rio de Janeiro que funcionam até determinada hora, depois, supõem-se que aconteça um desfile macabro, que ninguém ousa ver.

Pago o táxi com uma nota de R$50. Descemos do táxi eu digo ao guia: - gostaria de um cigarro cubano. Isso me veio no sonho, porque havia fumado cigarro com tabaco cubano. A Hollywood (Souza Cruz) tinha encomendado fumo de Cuba, um maço ‘marrom e saiu de circulação, porque a empresa de cigarros, negociou o tabaco em outros mercados a preços mais elevados.

Prontamente o ‘guia me leva até um senhor com terno cinza de tergal, camisa branca aberta, e um chapéu de feltro, com aba social inclinado para frente, da cor do terno. Este senhor era o divulgador da ‘música dos agricultores (camponeses), ‘convidando a bailar: “Vamos a Guajira, vamos a bailar”. Se não era ele, o senhor Guillermo, em meu sonho, representava ser ele, pelo bigode, o rosto magro, o olhar vago e distante.

Guillermo estava sentado em algo que deveria ser uma daquelas cadeiras antigas de madeira quadrada que usavam nas salas e em sua frente uma pequena bancada de caixotes, daquelas onde se vendem temperos caseiros, ou se faz o jogo do bicho. Ele puxa do bolso um maço de cigarros. Um maço branco com cigarros finos, o que indicava uma empresa multinacional do tabaco. Enquanto gentilmente passava o cigarro para mim, o cigarro caiu sobre a pequena bancada que era forrada com uma toalha branca e sobre esta toalha, tinha um pó negro, como se fossem, restos de fumo, mas, não pareciam isto, lembrei quando papai ‘picava fumo, talvez parecesse insetos, microscópicos ou, nanotecnia. Ele pegou o cigarro que havia caído neste pó e me passou. Percebi que o cigarro estava sujo do pó. Tentei limpá-lo em um pano mais sujo que não sei de onde apareceu, mas parecia um daqueles panos que se passa no chão... Ele me repreendeu com o olhar, talvez com o pano sujo tenha passado umidade impregnando mais, a sujeira.

Guillermo pegou o cigarro de volta, e começou a raspar a sujeira, com um tipo de Gillette, daquelas usadas para ‘fazer rastros de cocaína. A forma como fazia isso, indicava que já havia feito isso várias vezes, mas, o cigarro continua sujo, parecia manchado, como quando se molha com pingo de chuva. Talvez realmente aquele ‘pó em cima da toalha tivesse alguma forma de vida. Qual o significado daquele pó? Nada o impedia de chacoalhar a pequena toalha, mas a impressão é a de que o pó tinha um propósito, de alguma forma fazia parte daquilo ..., pelo motivo que estava ali. Pensei em dizer a ele que me desse outro cigarro. Não obstante, tratava ‘aquele, como se fosse precioso.

Dia antes, fora do sonho, em minha cidade no Brasil, havia visto uma reportagem do único jornal diário e que devia ter um padrão de responsabilidade e que dizia em sua manchete de capa: ‘vazamento radioativo do Raio X do Posto de atendimento do Morumbi (bairro de Foz do Iguaçu). O sonho era desta noite. A manchete em si, já demonstrava que era uma mentira, demonstrava ser sensacionalista, caso em que teriam dito de outra forma: ‘operador de Raio X encontra-se internado por radiação. Isso seria muito grave para a cidade. Grave para a tríplice-fronteira.

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Veja como os pequenos detalhes, as apreensões ..., de ontem, de anos atrás, se juntam em um breve sonho: de um taxi a um cigarro sujo! Creio que o foco do sonho não seja ‘o comunismo de Cuba, de Rússia, de China, mas, ‘o movimento comunista, que atua há mais de um século e meio. Foi o último assunto que ouvi de um mestre da matéria. Obviamente quando estas pessoas falam, elas impressionam com a verdade. E talvez tenha tomado consciência total disto, após longas décadas de observação. E também, há uma estranha recomendação coincidente de outro bom homem, a posteriori do sonho, que falava sobre coincidências da vida ..., que dizia, não com estas palavras que seguem, mas dizia, a respeito da ligação entre o que é você, o que sou eu, o que apreendo e, em apreendendo, o faço em que condições e com quais percepções e bases (emocionais, lógicas, místicas)?  A ligação de mim, comigo mesmo, mas não propriamente eu, mas o que se forma dentro de mim e aparece em um sonho. Do realismo, quando um pó chega a ter um significado de radiação. Do materialismo, mesmo em um país materialista, não há sinais. Há sinais da natureza quando procuro a felicidade latina no povo cubano gentilmente oferecida pelo mar (o céu, a terra). Há elementos de coincidência divina quando o sujeito que me fornece o cigarro é uma pessoa, que ao meu ver, é a memória viva de um tipo de gente que esteve entre nós e ainda existem algumas entre nós e que fazem de sua existência um ‘Farol radiante, como aqueles para orientar os velejadores, desta feita, para orientar almas.

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