Olavo de
Carvalho sofre perseguição do Facebook
2015/07/06 em Brasil, MANCHETES, Nova Ordem Mundial
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Crianças
malvadinhas
São
Paulo, 06 de Julho de 2015 às 17:19 por Olavo de Carvalho
Uma censura direta, feita oficialmente por funcionários do governo, é
muito mais decente do que contratar moleques para derrubar páginas do Facebook
Desmoralizada, acuada pela Justiça, desprezada e achincalhada
abertamente por 91% da população brasileira, a quadrilha comunolarápia decidiu reagir
mediante uma onda de bravatas e ameaças, fazendo o que pode para macaquear com
trejeitos histéricos a virilidade e a coragem, duas coisas que seus líderes só
conhecem por ouvir falar.
Essas gesticulações circenses não assustam a ninguém, mas, se às vezes
nos fazem rir, outras vezes deprimem e podem levar às lágrimas o cidadão que,
contemplando tanta miséria e deformidade, se lembre de que elas são, afinal de
contas, o rosto do Estado brasileiro, o rosto da nação.
A mim elas fazem lembrar antes aquele vídeo do youtube, em que um boxeador nocauteado, estendido
no chão como um trapo, continuava a esmurrar o ar, como se a luta tivesse um round suplementar no mundo dos sonhos.
Um dos lances mais comoventes da guerrinha dos fracassados contra o
destino foi protagonizado pelo deputado Paulo Pimenta, ao pedir a prisão do
jovem brasileiro que xingou a sra. Dilma Rousseff na Califórnia.
Xingar um governante em público é, em circunstâncias normais, um crime.
Mas, quando o país inteiro está fazendo isso nas ruas, nas praças, nos estádios
e nos panelaços, punir seletivamente um cidadão isolado é como tentar desviar
um furacão à força de puns.
No meu modesto entender, o rapaz da Califórnia só errou num ponto.
Xingar a presidente de “terrorista” é inócuo, pois isso ela já sabe que é. Eu,
em vez disso, a teria xingado de “mocreia”, pois há sempre um risco de que,
malgrado a impopularidade avassaladora, ela continue se achando linda.
Não menos patética foi a indefectível sra. Maria do Rosário, ao dar
queixa contra um indivíduo anônimo e não identificável que, cruzando com ela no
meio da massa, teria previsto a sua morte em data incerta e não sabida, por
causas não mencionadas.
À polícia ela não deu a mais mínima pista que pudesse levar à descoberta
do ofensor sem rosto, conhecido unicamente pelo nome de “Alguém”.
Sem a menor esperança de novas averiguações, ficou, pois, registrada
apenas a identidade da vítima, mas isso é pura redundância, pois quem não sabe
que a sra. Maria do Rosário é uma vítima?
Depois foi a vez do sr. Jacques Wagner que, tentando ser ministro da
Defesa, mas não tendo ninguém a defender contra o que quer que seja, escolheu a
apresentadora Maju Coutinho como alvo de ataques fictícios, fabricados
inteiramente por MAVs a serviço do governo, e saiu bravamente em campo para
defender a moça contra seus inimigos imaginários.
Não foi essa, admito, a mais notável performance carnavalesca do sr.
Wagner, que jamais superará o seu feito de 2007, pioneiramente registrado por
mim (leia aqui), quando, governador da Bahia, ele patrocinou um
tremendo beijo lésbico em público entre sua esposa e a do então ministro da
Cultura, Gilberto Gil.
Essa é a razão pela qual, quando me dizem que o Sr. Wagner não somente
existe mas é ministro da Defesa, sinto-me à beira de ter um ataque de nervos
como o do dr. Paulo Ghiraldelli e sair gritando: “É mentira! É mentira! É
mentira! É mentira! É mentira! É mentira! É mentira! É mentira! É mentira!”
Também me pergunto se os altos oficiais das Forças Armadas não temem
que, se o homem teve a cara de pau de fazer o que fez com a mulher de um ministro,
ele venha a sentir-se ainda mais à vontade para fazê-lo — agora que ele próprio
é ministro — com as mulheres de seus subordinados, isto é, as mulheres deles.
Qualquer que seja o caso, a atividade dos MAVs nos últimos dias não se
limitou a criar racistas eletrônicos. Mais ou menos uma semana atrás recebi
esta mensagem de um amigo que, por motivos óbvios, prefere permanecer anônimo:
“Professor
Olavo, estou com uma informação de inteligência de que atacarão e derrubarão a
sua página pessoal em breve, está sabendo? Depois do bloqueio de três dias virá
o bloqueio de sete e depois o de 30. Vão denunciar todas suas postagens em
massa e qualquer uma será interpretada como fora dos padrões. Outra coisa que
eles farão é pegar o seu mail vinculado à sua conta e colocá-lo como
administrador de diversas páginas falsas. (Sim, é possível fazer isso). Nestas
páginas vão colocar pornografia e o administrador (no caso, você) será punido e
banido do Facebook.”
O aviso do bloqueio de três dias cumpriu-se no prazo.
É isso o que dá ter duzentos mil seguidores no Facebook e não dizer a
eles uma só palavrinha em louvor do governo. Também não é de espantar que, como
toda censura, a do Fabebook oculte a sua própria existência: como minha esposa
divulgasse na sua página a suspensão da minha, a dela também foi suspensa.
Vamos falar o português claro. Uma censura direta, feita oficialmente
por funcionários do governo, é muito mais decente do que contratar moleques
para derrubar páginas do Facebook. Quando um governo acossado por investigações
de corrupção apela a um expediente tão pueril para tapar a boca dos
denunciantes, é inevitável concluir que ele todo se compõe de crianças
malvadinhas.
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