MidiaSemMáscara
Escrito por Casimiro De Pina | 27 Fevereiro 2017
Internacional - Estados Unidos
Surpresa desagradável: Bill e Hillary
Clinton construíram um muro de 300 milhas na fronteira com o México.
A vitória de Trump, no escrutínio do pretérito mês
de novembro, provocou uma hecatombe nas redes sociais e, digamo-lo com justiça,
na cabeça de certos comentadores, palpiteiros e analistas, cujos neurónios
entraram, desde então, no modo…“desligado”, que aliás teima em persistir, até
hoje. Dá que pensar.
A malta, que passou meses a cantarolar as virtudes
de Hillary Clinton e a quase necessidade histórica da derrota do Partido
Republicano, ficou perdida. Miley Cyrus chorou. Organizaram-se sessões de “cura
e terapia” para os mais sensíveis!
Os oráculos falharam redondamente. E agora rogam
pragas sem fim, num ritmo frenético, comovente…
Na cabeça desses iluminados e politicantes, a
democracia americana, que Tocqueville tanto admirava, entrou repentinamente em
decadência (após a vitória do magnata de Nova Iorque, claro), num recuo
formidável que só a rebuscada “ciência política” desses génios do Facebook consegue
explicar.
Os exemplos abundam por aí. E a(s) palhaçada(s)
também.
A sra. Rosário da Luz sugere, no cume da esperteza
saloia, uma interessante ligação entre Trump e Hitler!
A ingenuidade (ou será tontice?) é gritante, e
parece ter sido captada naqueles velhos panfletos que circulavam nos meios
estalinistas.
É claro que a ilustre senhora, que de vez em quando
pontifica na TCV e passa nestas plagas por “analista”, não conseguiu explicar
as semelhanças entre uma democracia constitucional estabilizada (a mais
antiga do mundo moderno, desde 1776, com a sua célebre Declaração de
Independência, escrita com brilho por Thomas Jefferson) e o totalitarismo nazi,
que devastou a Alemanha e a Europa a partir dos anos 30 do séc. XX.
Para a confraria, os factos não interessam. Basta a
paranóia.
O presidente Trump, que se saiba, não mandou
queimar o Congresso norte-americano, não provocou nenhum Holocausto, não
construiu nenhum campo de concentração (nem Gulags no Texas…), não teoriza
sobre o “Führerprinzip”, não tenciona, penso, invadir Paris, não anexou o
Canadá, nem suprimiu, sequer, os partidos políticos rivais, a separação de
poderes e a força jurídica da Constituição de Filadélfia.
Pelo contrário, a grande luta desse novo Hitler às
avessas, odiado pelos “progressistas”, é restabelecer a autoridade moral da
Constituição de 1787 e a rule of law, que o estimável sr. Barack Hussein
Obama, tão incensado pela CNN, por George Soros e pelo New York Times, destruiu
suavemente nos últimos oito anos (ver, por ex., Olavo de Carvalho, O advento
da ditadura secreta, in http://www.olavodecarvalho.org/semana/120328dc.html;
Ignorância mútua, in http://www.olavodecarvalho.org/semana/080407dc.html;
Obama: a revolução desde cima, in http://www.olavodecarvalho.org/semana/0903digestoeconomico.html);
sobre o legado político de Obama, veja-se Roger Aronoff, The Obama legacy,
in http://www.aim.org/aim-column/the-obama-legacy/;
e Sean Hannity, By the numbers: Obama's Legacy Of Failure, in http://m.hannity.com/articles/election-493995/by-the-numbers-obamas-legacy-of-15435863/).
Obama reproduziu, durante a sua presidência, as
tácticas radicais que aprendeu com o seu grande mentor ideológico, Saul
Alinsky. Obama financiou a Irmandade Muçulmana (ver http://cubaindependiente.blogspot.com/search/label/Partido%20Democrata)
e deu protecção ao Irão, cujo regime, apostado na obtenção da bomba nuclear, é
ferozmente antiamericano.
Mas tudo isso é cuidadosamente retirado do debate
público.
Donald Trump deixou, na verdade, os esquerdistas e
auto-proclamados progressistas sem norte, sem rumo nem direcção. Completamente.
Como escreveu certeiramente o sociólogo e
investigador António Barreto no Diário de Notícias, captando as
incoerências da sagrada confraria, “As esquerdas em geral, incluindo artistas,
intelectuais, jornalistas, liberais americanos e progressistas europeus, não
suportam não ter percebido nem ter previsto o que aconteceu.
Como não admitem que são, tantas vezes, responsáveis
pelas derivas políticas dos seus países.
Já correm pelo mundo explicações fabulosas sobre
estas eleições. As mais hilariantes são duas.
Uma diz que, além dos machistas e dos racistas,
votaram em Trump os analfabetos, os desesperados, os marginalizados pelo
progresso, os desempregados e os supersticiosos.
A outra diz que o fiasco das sondagens, dos estudos
de opinião e dos jornalistas se deve ao facto de os reacionários terem vergonha
de dizer em quem votariam! Por outras palavras: quem não presta votou em Trump
e quem votou em Trump enganou-nos!
Tal como os democratas em geral, as esquerdas
atribuem sempre as culpas das suas derrotas aos defeitos dos outros, da
extrema-direita, dos ricos, dos padres, dos fascistas, dos proprietários, dos
patrões, dos corruptos e agora dos populistas”.
Por falar nisso, a ideia de que Trump foi eleito
pela “América profunda e ignorante” é um puro disparate e releva de um
antiamericanismo tosco, vulgar e mal disfarçado.
É apenas uma fraude, que Sarah Smarsh impugnou de
forma implacável (ver https://www.theguardian.com/media/2016/oct/13/liberal-media-bias-working-class-americans).
Para alguns, só os partidos de esquerda podem e
devem vencer as eleições. Bela concepção de democracia!
Fala-se da “influência russa” na eleição de Trump.
Como Jeffrey Nyquist (http://www.midiasemmascara.org/artigos/globalismo/16805-marionete-russa.html)
e tantos outros já demonstraram, o partido democrata é a verdadeira marionete
dos russos, ao longo de décadas.
A Rússia, como explicou Mihai Pacepa, é a primeira
“ditadura de inteligência da história”.
Um outro génio do Facebook, Américo Silva, que já
foi governante em Cabo Verde e hoje vive nos EUA, descobriu, num ápice, que o
Colégio Eleitoral que elegeu Trump é, afinal, uma “instituição esclavagista”
(sic), torpe, ilegítima e absolutamente inaceitável, dir-se-ia!
O mais estranho é que o sr. Américo e os outros
ficaram caladinhos quando essa mesma “instituição esclavagista”, essa
intolerável excrescência da supremacia racial, elegeu Obama, cuja legitimidade
política não foi alvo do mais leve questionamento. O duplo padrão é execrável.
Trump nunca é tratado com honestidade. Os críticos
preferem inventar uma sua caricatura, que depois atacam, qual espantalho,
impiedosamente, para gáudio da populaça. O método é patético, truculento,
vergonhoso ao máximo.
Isso viu-se em duas medidas recentes adoptadas pelo
novel presidente: o muro na fronteira com o México e a “ordem executiva”
suspendendo a entrada de imigrantes provenientes de 7 países, ideia que já
vinha de Obama.
Os críticos nunca dizem, todavia, que 70% dos
criminosos estrangeiros nos EUA são mexicanos.
Ora, o muro serve para estancar esse movimento, que
põe em causa, nitidamente, a segurança nacional e a prosperidade dos
norte-americanos.
A imprensa matreira não diz, também, que a
ideia da construção do muro veio de Bill Clinton, que a defendeu com unhas e
dentes, num discurso sobre o estado da União, já em 1995, em nome do “império
das leis”.
Surpresa desagradável: Bill e Hillary Clinton
construíram um muro de 300 milhas na fronteira com o México. Como são de
esquerda, tudo bem, apoiado!
A suprema hipocrisia midiática apagou, porém, todos
estes factos, apresentando Trump como um desalmado xenófobo que só sabe
separar nações, “em vez de edificar pontes de união e amizade”.
A ordem executiva sobre os imigrantes é
perfeitamente racional e justificada.
Só uma crassa ignorância do contexto pode
alegar o contrário.
Num próximo artigo retomaremos o assunto, mas os
mais curiosos podem ler Ann Coulter (http://www.frontpagemag.com/fpm/265755/maniac-running-our-foreign-policy-its-not-trump-ann-coulter)
e Joseph Klein (http://www.frontpagemag.com/fpm/265711/judicial-overreach-national-security-joseph-klein),
desfazendo em pó toda a desinformação reinante.
La Boétie estava certo: vivemos, cada vez mais, no
reino da servidão voluntária. Porque queremos e adoramos a mentira.
Casimiro de Pina,
jurista cabo-verdiano, é autor do livro 'Ensaios
Jurídicos: Entre a Validade-Fundamento e os Desafios Metodológicos'.
Tags: Estados Unidos | media watch | esquerdismo | politicamente correto | socialismo | ideologia | Rússia | notícias faltantes
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