Trump
está batendo na Media em seu próprio jogo
George
Neumayr
22/02/2017
Perguntado por um assessor se responderia a uma
carta ao editor de um de seus críticos, Vladimir Lenin se recusou, dizendo:
"Por que nos incomodaríamos em responder a Kautsky? Ele nos responderia,
e teríamos de responder à sua resposta. Não há fim para isso. Será bastante
para nós anunciar que Kautsky é um traidor à classe trabalhadora, e todos
compreenderão".
Esse foi o modus operandi da esquerda por
décadas. Ela não responde a argumentos com argumentos, mas com nomes
estigmatizantes destinados a encerrar o debate. Como o braço de comunicação
da esquerda, a mídia se conforma perfeitamente ao método de Lenin. Em vez de
refutar os argumentos dos conservadores, é mais fácil classificá-los como
"inimigos" da ciência, das mulheres, das minorias, dos pobres, etc.
Sempre que os editores se recusam a reconhecer a
existência de "dois lados" em assuntos como "igualdade de
casamento" ou Darwinismo ou mudança climática, eles estão prestando
homenagem à política tortuosa de Lenin. Prestam homenagem a ele sempre que
substituem relato real da notícia por suas opiniões a respeito delas. Até
mesmo as disputas entre jornalistas recentemente sobre se suspenderiam ou não
o "relato convencional" no caso de Trump, ou se as histórias de
primeira página devem declarar os enganos do Presidente como mentiras ou
falsidades, é um reconhecimento tácito dessa política. Como Lenin, as
Christiane Amanpours [1] não têm nenhum uso para o cansativo jogo de
respostas precisas. Basta chamar Trump de "mentiroso" e "todo
mundo vai entender”.
Mas essa demagogia telegráfica só funciona
enquanto os políticos republicanos se submetem a ela. Durante anos os
jornalistas opinaram servilmente sob o disfarce da objetividade e conseguiram
se sair bem porque os republicanos estavam com muito medo de quebrar aquela
ilusão de objetividade. Eles permitiram que a mídia servisse como árbitro do
que se qualifica como "mainstream", "extremista",
"racista", e assim por diante, e se sujeitaram em permanecer dentro
dos parâmetros determinados pela mídia de qualquer discussão.
Donald Trump explodiu esse arranjo absurdo e está
batendo a mídia em seu próprio jogo. Ele rotula os repórteres da mesma
maneira que o rotulam. Ele abre mão de seu desonesto enquadramento dos
debates tratando-os como o que são: partidários esquerdistas (liberais). Sua
discussão na semana passada com April Ryan, correspondente da American Urban
Radio Network, captou isso perfeitamente. Ela fez uma pergunta capciosa, não
como um repórter neutro, mas como porta-voz do Congressional Black Caucus
[2]. Ele respondeu assim. "Eu vou te dizer claramente, você quer montar
a reunião?", logo depois que ela perguntou se ele se reuniria com a CBC.
"Você quer montar a reunião? São amigos seus?" É claro que eles são
amigos dela e ela estava tentando marcar um ponto para o CBC. Se Trump não
tivesse desconstruído esta intenção para o público, a pergunta poderia ter
causado dano. Em vez disso, esvaziou-a.
Os repórteres enfrentam agora um presidente que
os questiona tão agressivamente como eles o fazem. E eles se ressentem de que
ele se recuse a aceitar como "fatos" o que nada mais é do que sua
interpretação tendenciosa dos fatos.
Tudo o que eles acusam Trump é de desmascarar sua
própria cobertura. Só se pode rir das erupções de horror santarrão sobre o
tweet de Trump chamando os repórteres de "inimigos do povo", dadas
as invectiva a que se entregaram no último ano, chamando-o de déspota e
coisas piores. Quem são eles para repreender alguém por linguagem destemperada?
De repórteres mal-humorados vêm palestras sobre
boas maneiras? Dos partidários vêm exigências de neutralidade? Tudo que a
imprensa quer pode ser reduzido a uma demanda: que seus alvos conservadores
se desarmem unilateralmente. Nós lutamos, você se rende - essa é a ideia de
civilidade da mídia.
Portanto, podem esperar que a gritaria dos meios
de comunicação cresça na mesma proporção à exposição de sua fraude por Trump.
Bret Stephens e companhia podem pomposamente dizer que Trump é um adversário
da "objetividade em si". Mas tudo isso significa que ele rejeita
suas afirmações falsas de objetividade e denuncia seus desejos partidários.
No final, isso significa que Trump não é um idiota que vai deixá-los
controlar a política, passando propaganda liberal como "notícia" ante
às quais todos devem se ajoelhar.
Ao contrário da choramingas de Jake Tapper na
CNN, a conferência de imprensa da semana passada não foi um desvio da maneira
Trump governar, mas um componente essencial dela. Trump sabe que sua agenda
só pode avançar se as pessoas ignorarem as distorções da mídia. Se Trump
fizesse o jogo da mídia, ele não conseguiria governar. Quanto mais
neutralizar a mídia, mais bem-sucedido ele será.
Se a trata como um partido de oposição, é porque
é um. A fúria dos meios de comunicação é a fúria dos partidarismos expostos,
para quem mandar nos fatos foi uma vez tão fácil e agora é muito difícil.
NOTAS DO TRADUTOR:
[1]
Jornalista sênior da CNN
[2] No interior do Congresso caucus é bancada. Aqui é referência à Bancada Negra
Tradução: Heitor De Paola
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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
TRUMP JOGA O JOGO DA MÍDIA E ESTÁ VENCENDO
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