Site: Instituto Plinio de Corrêa de Oliveira
Bispos
denunciam ditadura socialista na Venezuela
Por Péricles Capanema - 15 de
julho de 2017
Em meados de maio, o
presidente Donald Trump garantiu que fará “o que for necessário”, em cooperação
com outros países do continente, para normalizar a situação na Venezuela,
classificada por ele como “uma desgraça para a humanidade”. Foi uma forma de
solicitar ação coordenada de países latino-americanos.
Vladimir Putin agiu em
sentido contrário. Manifestou sua admiração por Nicolás Maduro, presidente da
Venezuela, por governar com coragem para manter a estabilidade e a paz… De
outro modo, a presente atuação do governo venezuelano — disse ele — favorece a
estabilidade e a paz no país e na região. Declarou ainda que condenava esforços
políticos internos e externos que desconhecem a ordem constitucional no país.
Ou seja, censura as ações da oposição venezuelana que procura livrar a nação
das garras da ditadura bolivariana, capitaneada em parte por agentes
castristas.
Mais um ponto. Como se
sabe, Nicolás Maduro [foto] acusa os Estados Unidos de insuflar os protestos no
país. A atitude do presidente russo revela clara oposição aos Estados Unidos,
quando censura os “esforços políticos externos”. Este, o quadro externo. Agora, uma
novidade
importantíssima no quadro interno. O apoio do autocrata russo antecedeu por
pouco a enérgica tomada de posição de todos os arcebispos e bispos
venezuelanos. Em 13 de julho, pelo documento intitulado “Mensagem urgente aos
católicos e pessoa de boa vontade na Venezuela”, os bispos venezuelanos
reagiram enérgica e valentemente contra o processo de comunistização em curso
no país.
Vamos ao documento. De
início, a denúncia da fome: “Fazemos nossos os clamores das pessoas que se
sentem golpeadas pela fome, falta de garantias para a saúde, difícil compra de
remédios, a insegurança em todos os sentidos. Embora o povo ainda mantenha a
esperança, hoje sofre muito mais”. Deixam claro que a ação do regime
generalizou a fome.
A seguir, a denúncia da
violência: “Em nosso país, a violência ganhou caráter estrutural. São variadas
as suas expressões, desde a violência irracional com sua dolorosa cota de
mortos e feridos, danos a residências, perseguições. A repressão oficial gera
tensão e anarquia. A prisão de muitas pessoas, sobretudo de jovens, por se
oporem ao governo, agrava ainda mais a situação. Circulam denúncias sérias
sobre torturas. Existem pessoas processadas arbitrariamente pela Justiça
militar que foram levadas para penitenciárias de segurança máxima”. O documento
acusa na sequência os grupos armados pelo chavismo para intimidar a oposição:
“Muitas de nossas comunidades e instituições são flageladas por grupos
paramilitares ilegais que agem debaixo do olhar complacente das autoridades”. O
regime causa a violência contra o povo.
Os bispos venezuelanos
denunciam então o instrumento governamental para continuar no poder, o que
perenizará também a fome e a violência: “Embora a crise padecida pelos
venezuelanos seja de muitos anos, nos últimos meses aprofundou-se por causa da
iniciativa do governo de convocar uma Assembleia Nacional Constituinte,
questionada e recusada pela maioria do povo venezuelano. Mais uma vez a
Constituição foi violada e o Tribunal Supremo da Justiça (TSJ) e o Conselho
Nacional Eleitoral (CNE) avalizaram o que propõe o Executivo. O mencionado
projeto pretende impor ao país um regime ditatorial”.
Em sentido contrário,
os bispos apoiam a consulta determinada pela Assembleia Nacional, de maioria
oposicionista: “No próximo [dia] 16 de julho, promovida pela Assembleia
Nacional, haverá uma consulta popular, que goza de toda legitimidade”.
Concluem então os
bispos com um apelo de enorme gravidade, do qual destacamos: “Como pastores da
Igreja na Venezuela, ecoando os clamores da imensa maioria de nosso povo,
elevamos nossa voz e exigimos da Força Armada Nacional Bolivariana [do
Exército, em linguagem simples] [foto] que, como determina a Constituição,
cumpra o seu dever de estar a serviço do povo no respeito e garantia da ordem
constitucional, e não simplesmente a serviço de um regime, de um partido ou de
um governante. Apelamos à consciência de todos seus membros, não se esqueçam de
que também fazem parte do povo”.
A gravíssima postura
episcopal procura evitar um desenlace trágico e iminente: “O que se busca é
instaurar um Estado socialista, marxista e militar”. Em resumo, para os bispos,
a Venezuela se encontra às vésperas da ditadura comunista. Assinam o documento
todos os arcebispos e bispos venezuelanos.
Este artigo poderia
chamar-se: “Um bom exemplo episcopal”. Tocante. Infelizmente raro em nossos
dias. De enorme bom exemplo para a CNBB, favorecedora contumaz dos programas e
governos petistas, os grandes apoios do chavismo na América Latina. Segui-lo
evitaria enormes sofrimentos para o povo, como mostram os bispos da Venezuela.
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