segunda-feira, 24 de julho de 2017

O recrutamento de militantes pró-Rússia nas redes sociais



MIDIASEMMASCARA

O recrutamento de militantes pró-Rússia nas redes sociais

24 de julho de 2017 - 5:26:36

Ladislav Kasuka (foto) redigia sua costumeira diatribe contra o ocidente para um site stalinista checo quando começou a receber mensagens oferecendo-lhe dinheiro para organizar protestos de rua.
Esse foi o ponto de partida de toda uma história objeto de reportagem do The New York Times.
A primeira mensagem, recheada de bajulações pelo seu trabalho, chegou em russo, enviada por alguém que ele desconhecia. De início, a oferta foi de 300 euros. Era para Kasuka, um stalinista checo sem um tostão, comprar bandeiras e cartazes destinados a uma manifestação pública em Praga contra a OTAN e o governo pró-ocidental da Ucrânia.

Logo depois, ofereceram-lhe mais 500 euros para comprar um videocâmara e publicar seus vídeos na internet. Ainda viriam promessas de outras quantias menores. Kasuka ficou surpreso, mas como o dinheiro “era para a boa causa” anticapitalista foi aceitando.

Pouco depois estava enleado numa estranha trama que funcionava nas redes sociais.
Seu caso foi apenas um entre muitos na Europa Oriental e Central, resultantes de uma campanha de influência frenética, por vezes grosseira, financiada por Moscou e dirigida por Alexander Usovsky, agitador nacionalista russo, sicário ideológico numa batalha para ganhar almas e mentes nos fios da Internet.

Se comparada à intromissão da Rússia nas eleições presidenciais nos EUA e na França, as atividades de Kasuka e outros como ele têm pouca relevância. Mas para Moscou servem e não pouco.
Um dia hackers ucranianos vasculharam o computador de Usovsky e fizeram vir à luz sua estratégia para ampliar a área de influência russa.

Recrutar ativistas independentes estrangeiros e irrigá-los com dinheiro fornecido por “oligarcas” e agentes do Estado putiniano.

Usovsky teve sorte instável, por vezes imprudente ou desastrada, mas procurou renovar as iniciativas à sombra do dinheiro do magnata da nomenklatura Konstantin Malofeev. Ele lhe pediu “um plano claro, concreto e realista para a chegada ao poder de forças pró-russas”.

Alexander Usovsky “é um bom caso de estudo sobre os métodos russos”, disse Daniel Milo, ex-funcionário do Ministério do Interior eslovaco, especialista em extremismo da Globsec, grupo de investigação de Bratislava. “Ele é uma pequena engrenagem de uma grande indústria. E poderia haver dúzias como ele”, opinou Milo.

Usovsky começou a agir em 2014 cavalgando a onda de fervor nacionalista russo pela invasão da Crimeia. Montou uma rede de sites em várias línguas para promover a unidade eslava, alugou um escritório em Bratislava e criou uma fundação falsa, cuja fachada era promover a cultura.

Usovsky apresentou orçamento de milhares de euros a Malofeev entre outras coisas para promover candidatos pró-russos nas eleições polonesas, mas não conseguiu fazer vencer um só. Identificou sócios na Europa Oriental e Central dispostos a receber sua ajuda. Ampliou na internet as vozes radicais, fez com que pequenas passeatas parecessem muito maiores do que eram.

Trabalhou com a mídia informativa russa para garantir que “seus” colaboradores checos, eslovacos e poloneses recebessem ampla cobertura nos órgãos moscovitas com penetração no exterior.

Por isso Kasuka, o stalinista que mora num apartamento popular de Melnik, aparece habitualmente na mídia russa como um conceituado comentarista de geopolítica e de assuntos checos.

Chegou a dizer por meio do Russia Today que os EUA poderiam jogar uma bomba atômica na Ucrânia e culpar a Rússia para assim provocar uma guerra. Era absurdo, “fake news” no duro, mas servia para a propaganda moscovita.

Suas atividades são ecoadas como grandes eventos pela TV moscovita.

“É uma loucura total”, comentou Roman Maca, analista sediado em Praga. “O Canal Um russo apresentou como notícia séria um protesto de 10 pessoas que na sua maioria candidatas à internação num hospital psiquiátrico”.

Malofeev não ficou satisfeito com Usovsky. Então, esse foi atrás de outros doadores potenciais com planos detalhados para montar uma “quinta coluna pró-russa”, canalizando dinheiro para políticos anti-OTAN e a anti-UE.

Por sua vez, Kasuka desanimou das arruaças e agora se concentra no estudo da filosofia marxista, dos logros de Stalin e da miséria causada pela exploração capitalista.
Talvez esteja lendo a encíclica ‘Laudato Si’.
 
Luis Dufaur edita o blog Flagelo Russo.

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