Imperdível
O Mínimo Que Você Precisa Saber
Para Não Ser Um Liberalzinho
22 de janeiro de 2016 - 22:52:09
É o
típico academicista. Geralmente formado em Ciências Econômicas ou Ciência
Política; é um amante inveterado de diplomas, títulos, prêmios, currículo
Lattes. Odeia os autodidatas com todas as suas forças. Os pais trabalharam duro
para acumular certa riqueza e agora o filho liberalzinho desfruta das benesses
daqueles que se privaram de toda liberdade para que o filhinho querido pudesse
andar pelas ruas chamando todo mundo de socialista. Nunca criou ou administrou
nada.
Temos,
também, a versão mais velha: o liberalzinho oldschool. Esse aí é aquele
que usa um blazer desbotado, com os botões abertos, por cima de uma camisa
Tommy Hilfiger, uma calça jeans com a bainha rasgada e um tênis All Star velho,
bem surradinho. Compra livros velhos em sebos na av. Augusta e os carrega
embaixo do braço. Freqüenta lançamentos de livros de autores suspeitos e chega
à Livraria Cultura com a testa suada, com pressa, para uma sessão de fotos e
autógrafos. Seu objetivo é ‘fazer contatos’, ‘network cultural’.
Meu amigo
Filippe Irrazábal chama alguns de liberaizinhos Puc-Rio. Gente que toma chopp
com os amigos petistas. O liberal se acha o descoladão, vive de bajulação
social, pensador independente. Quando possui alguma empresa, o papo gira em
torno de ‘o PT atrapalha meus negócios’, ‘o PT não entende de gestão’.
O
liberalzinho planta a própria maconha para não financiar o tráfico. Burguesinho
drogado, do moleton da GAP e do Iphone 5s que só não é comunista porque
entendeu que o livre mercado é melhorzinho. Quando a conversa com os amigos de
esquerda esquenta um pouco, ele sai pela tangente: “veja bem, meu amigo. Não é
bem assim…”, ligeiramente recuado e de cabeça baixa, sem apelar para não ferir
a susceptibilidade dos coleguinhas com camisas Che Guevara.
Acredita
na esquerda democrática. Leitor de Wunderblogs, assinante na Veja. Tem fotos no
Pinterest porque o Instagram tá — como dizem — meio vilanizado…
Assinante
da newsletter do Mises Brasil. Vai em todas as palestrinhas dos amigos
liberais. Fala pra mamãe que está indo à conferência do instituto. Nossa!
Millenium, Ordem Livre, Mises Brasil, Estudantes Pela Liberdade, o caralho.
Crachazinho no pescoço. Senta na frente. Tira selfie com o Ron Paul.
Percebe
que aquilo ali tá meio paradão, com muita cueca. Aí começam o recrutamento de
jovens garotas adolescentes – na maioria das vezes conservadoras. Ou então
alguma vadiazinha libertina revoltada com os pais. Oferecem alguns brindes às
moças, viagens, passagens de avião, hospedagem em hotéis, resorts. Afinal de
contas, ser conservador, cristão — e principalmente católico — é meio careta.
Muito carola. Pra ser descoladão tem que ser liberalzinho e debater a
legalização das drogas.
Faz um
colóquio com Alex Catharino. Toma um café com Hélio Beltrão. Participa de uma
conferência com Fabio Ostermann. Tem uma reunião agendada com Fernando Ulrich.
Uma conversa com Juliano Torres.
Pronto.
Ganha o direito de fazer uma palestrinha ou então vai debater com algum
esquerdista. Senta de pernas cruzadas e fica balançando o pezinho. Segura o
microfone apenas com o polegar e o indicador. Uma veadagem sem tamanho.
Alguns
vão mais fundo e conhecem os livros de uns malucões como Rothbard, Block e
Hoppe. Daí já era. Viram libertários. O cérebro vira paçoca. Fica convencido de
que é possível ser um católico-libertário. Hahaha! Mas isso é assunto para
outro post.
Se vai
para o lado do conservadorismo anglo-saxão e britânico, topa com Russell Kirk e
Edmund Burke, mas se cair no colo do Catharino, já era. Daí todo mundo é
neocon.
Alguns
liberaizinhos são os típicos arrivistas. Alpinistas sociais. O amigo de todo
mundo. Manda solicitação de amizade pra toda a galera. No Facebook é todo dia
post com “Quem é John Galt?”, mas nunca leu ‘A Revolta de Atlas’. Ayn Rand é
sua musa. A capa de Facebook é uma Gadsden Flag: “Don’t Tread on Me”.
Auto-intitulado ‘enemy of state’.
Liberalzinho
Partido Novo, liberalzinho Movimento Brasil Livre, liberalzinho Vem Pra Rua.
Temos
também o liberalzinho do “ceticismo político”, leitor de Luciano Ayan. Meu
amigo Luciano Geronimo chama de liberalzinho de TI (tecnologia da informação).
Esse tipo específico acha que o mundo é um sistema operacional e as pessoas são
seres como programas de computador. Bitcoins são as armas dos guerreiros
digitais da liberdade contra o petrodólar. Babam ovo de Tesla mesmo com o Elon
Musk sendo um comedor de subsídios. Ayan saca seu manual de programação
neurolinguística e mistura com o que ele chama de “infowar” e cria uns termos
em inglês para “enquadrar” os inimigos. Alguns termos são tão engraçados que
parecem nomes de banda de rock. Verbal Assault Patterns, controle e inversão de
frames, direita “true”, ceticismo político, shamming, negacionismo político.
Uma piada. O que vale é o pragmatismo.
Filosofia?
No Brasil, para o liberalzinho, Pondé é autoridade máxima. Olavo de Carvalho?
Que nada. Ele fala palavrão, é astrólogo, diz que cigarro faz bem pra saúde,
diz que tem feto dentro da Pepsi, acredita no geocentrismo, que combustível
fóssil não existe e o velho ainda tem fé que refutou Newton. Onde já se viu?
O pior liberalzinho
é aquele que em algum momento foi aluno do Olavo, que diz que leu seus artigos,
livros, etc. Ele fica meio em cima do muro por um tempo e se assume como
liberal-conservador. Mas chega uma hora que a pressão dos liberais “true” (para
usar um termo do Ayan) é muito forte. Então, para não ser chamado de membro de
seita e de olavete fanático, o ex-olavete inicia um novo caminho: do pensador
independente. Agora ele pensa com os próprios miolos. É um autônomo.
Independente. Diferentão. Não anda com a ralé. Começa a tocar na sua cabeça a
música do Chitãozinho e Xororó: “vou negando as aparências, disfarçando as
evidências”. O passo seguinte é negar as influências. Diz em alto e bom som que
o Olavo não o influenciou em nada. Vocês conhecem o roteiro desse filme. Apaga
tudo o que consegue achar de seu passado que o incrimine. Engana a si mesmo,
mas sempre alguém consegue um print comprometedor e o sujeito nem queima
a cara de vergonha, pois já caiu nos braços dos amigos liberais. Foi acolhido.
Vai ser convidado pra palestrar na próxima conferência do Movimento Brasil
Livre.
O
liberalzinho continua a ler Olavo escondido, mas suas fontes oficiais passam a
ser outros liberaizinhos como Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Diogo
Mainardi, Mário Sabino, Leandro Narloch, Marco Antonio Villa, etc. A mesma
panelinha que Olavo chama de ‘direita permitida’. São os defensores do ‘Estado
Democrático de Direito’, os ‘devotos das instituições’. É só um tucanismo baba-ovo
de PSDB.
Pra ser
liberalzinho direferentão é preciso defender a bicudagem. Fazer aliança com a
‘esquerda democrática’: Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr, Fernando Henrique
Cardoso, José Serra, Aloysio Nunes. O Flavio Morgenstern e o Fabio Pegrucci ficaram
com a bicudagem e lacraram likes em posts que desciam o cacete no Olavo, sem
contar as indiretas dos dois sem citar o nome do professor.
Se acham
capazes de julgar o Olavo desde uma posição superior. Citam as influências
verdadeiras excluindo o Olavo e não lembram que só existem esses livros em
português porque o Olavo deu um jeito que fossem traduzidos e colocados em
circulação no Brasil.
Um
verdadeiro liberalzinho tem que atacar o Jair Messias Bolsonaro. Chamá-lo de
“nacionalista estatista”.
O liberalzinho
não fala comunismo. Ele combate apenas o socialismo, porque sabe que sua agenda
cultural é a mesma dos comunistas: drogas, “casamento” gay, aborto, ideologia
de gênero, etc. Não estão muito interessados com esse negócio de cultura, de
moral, de ética, de valores.
Peguem o
Constantino, por exemplo. O cara diz que as desculpas que pediu ao Olavo foram
‘desculpas táticas’, desculpas estratégicas. Esses caras são uns arrivistas que
crescem nas sombras do Olavo, cooptando os seguidores deste e, quando acham que
chegou a hora, dão um jeito de arrumar uma briga com o Olavo, depois inventam
uma versão totalmente mentirosa da treta, enganam uns otários e seguem a vida,
desfrutando de tudo que o Olavo conquistou.
Liberal
não é contra kit gay porque este ensina crianças sobre sexo e homossexualismo,
mas simplesmente porque o Estado usa dinheiro de impostos. Não há nenhuma
objeção moral por parte deles. O argumento é puramente economicista. Se fosse
em uma escola privada e os pais demandassem esse tipo de ‘educação’ nas salas
de aulas de crianças, para o liberal está tudo certo.
Muita
coisa pode ser dita desse tipo de gente que trombamos todos os dias pelo feed
do Facebook, mas por hoje é só.
Tags:ateísmo,
Brasil,
conservadorismo, cultura,
economia,
FHC,
Governo do PT, liberalismo,
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