segunda-feira, 26 de junho de 2017

Ditadura sutil e implacável da mídia


Do site: Instituto Plínio Corrêa de Oliveira

Professora da Sorbonne denuncia ditadura sutil e implacável da mídia


Ingrid Riocreux, professora na Universidade da Sorbonne, Paris
A professora da Sorbonne Ingrid Riocreux lançou o livro La langue des médias, destruction du langage et fabrication du consentement (A língua da mídia. A destruição da linguagem e a fabricação do consenso, Editions du Toucan, 336 págs)
Ela foi entrevistada pela BSCNews e descreveu seu itinerário intelectual. Quando ditava cursos de retórica para futuros jornalistas na Sorbonne, optou por haurir exemplos da mídia mais acatada.
Ela foi a primeira a ficar surpresa, porque se deparou com um modo de falar típico dos jornalistas. Esse é construído com fórmulas feitas, com uma sintaxe e slogans que embutem um “pré-pensamento” que condiciona a intelecção dos leitores.
A professora Ingrid se considera membro da “geração 21 de abril” de 2002, data em que o candidato da direita Jean Marie Le Pen tirou do segundo turno o candidato socialista Lionel Jospin.
Naquela época, ela não se interessava pela política e não sabia o que tinha acontecido. Mas subitamente deparou-se com seus colegas de estudo em crise, chorando e deblaterando contra os “cúmplices do fascismo”. “Le Pen – esbravejavam eles – é como Hitler!”
E Ingrid achou que esse modo de reagir era abusivo e bestificante. Ela percebeu algo profundamente errado na linguagem da mídia, que determinava reações mal encaixadas. A singularidade do fato lhe entrou pelos olhos e ela começou a refletir.
Agora que é professora na famosa Sorbonne, conclui que a mídia está continuamente querendo impor às pessoas o que estas têm que pensar sobre este ou aquele assunto.
A grande mídia quer definir qual é o pensamento autorizado e qual não, no fundo e na forma.
A professora então quis abrir os olhos dos alunos, mas estes lhe respondiam: “Na televisão, eles falam desse jeito”.
Ingrid percebeu que falava para jovens criados sem pensamento crítico. Eles reagiam como que hipnotizados pelos slogans da grande mídia. E sobre assuntos tão diversos como imigração, mudanças climáticas, condições das mulheres, pedagogia, costumes, direitos humanos, etc.
Essa ideologia não se reduz à doutrina deste ou daquele partido, mas funciona como um dogma. Todo o mundo tem que acertar o passo com ele, ainda que só na aparência, de medo a ser excluído do convívio.
Em poucas palavras, uma Inquisição que reprime o pensamento individual e pune quem viola o dogma por ela concebido.
Inquisição que reprime quem pensa diferente e, por esse crime, põe em perigo a submissão universal ao dogma oficial midiaticamente definido.
‘A língua da mídia, a destruição da linguagem e a fabricação do consenso’, o livro de Ingrid Riocreux.
É uma polícia do pensamento que não condena à morte quem julga por si próprio, mas exige que cada indivíduo se humilhe, recite seu ato de contrição para poder fazer uma vida normal.
Se o dissidente continuar com ideias próprias, ele passará a ser desacreditado e tudo o que diga será recebido com derrisão por princípio.
Essa Inquisição midiática emite condenações morais. Quem não pensar como ela será acusado de racista, de “extremista de direita” – no Brasil, de “tefepista” – e condenado a um exílio intelectual.
Essa Inquisição – o IV Poder referido por Carlos de Laet – passa por cima das fronteiras políticas. Ele funciona como o regente da consciência dos indivíduos e das coletividades, da moral, do senso do bem e do mal – aliás, ateu – da nossa época.
Para a professora da Sorbonne, há uma conduta totalitária dos jornalistas vão atrás dos “desvios” daqueles que não afinam com a onipresente Inquisição.
Isso já é ensinado nas escolas de jornalismo, com senhas identificadoras e sistemas de pressão enormes.
Mas hoje atingimos o fundo do poço. Então, falar que a opinião pública se desinteressa do que diz a mídia é pouco.
Hoje há uma desconfiança em relação à mídia, observa a professora da Sorbonne. De onde ser até negócio para um político fazer-se detestar por grandes grupos informativos e aparecer como alvo da imprensa.
Trump se fez eleger em grande parte com esta estratégia. Hoje a mídia adotou o método do tiro pela culatra: quando mais elogia alguém, mais o afunda, e quanto mais o critica, mais o faz subir, ainda que não o queira.
Chega-se assim ao fenômeno das chamadas “mídias alternativas” ou “não conformistas” que, falando através de blogs, sites caseiros ou redes sociais gratuitas, tiram um enorme benefício.
O público que não confia na grande mídia vai procurar a informação nessas “mídias alternativas”, as quais até geram outros problemas ao inspirarem excessiva confiança. Mas, independentemente das críticas que lhe possam ser feitas, o Davi “alternativo” está jogando por terra o “Golias” macromidiático.
Ingrid recomenda uma sã desconfiança em relação a qualquer fonte de informação e um estímulo ao espírito crítico.
A professora da Sorbonne conclui que há “um verdadeiro menosprezo da grande mídia por todos nós. Ela [a mídia] aborrece essa gentalha [nós], que considera retrógrada e temerosa, reacionária face ao progresso e minada pelas más inclinações (conservadorismo, etc.)”.
“A mídia considera um dever corrigir nossa natureza vilã, e quer nos reeducar”.

A tirania da imprensa segundo Carlos de Laet. Um texto histórico

O grande pensador católico Carlos de Laet, Presidente da Academia Brasileira de Letras, em conferência feita no dia 8 de maio de 1902, no Círculo Católico da Mocidade do Rio de Janeiro:
“Tirania da imprensa! Sim, tirania da imprensa… Agora está lançada a palavra, le mot est lancé… Nescit vox missa reverti, não volta atrás o que já se disse, e remédio não tenho senão justificar a minha tese.
Senhores, uma das grandes singularidades dos tempos atuais, é que os povos vivem a combater fantasmas de tiranias, e indiferentes às tiranias verdadeiras.
As evoluções derribam monarcas, que às vezes são magnânimos pastores de povos.
Antigamente cortavam-lhes as cabeças, mas hoje nem sequer essa honra lhes fazem: contentam-se com despedi-los, fazem-nos embarcar a desoras, porque sabem que já poucos são os reis cônscios da sua missão providencial e do seu dever de resistência…
Por outro lado, apregoa-se a tirania do capital; e, adversa a todo capitalista e a cada empresário, está uma turba fremente preste a tumultuar, quando julga menoscabados os seus direitos…
E todavia, senhores, o povo ainda não compreendeu que uma das maiores tiranias que o conculcam é a da imprensa; e, longe de compreendê-lo, antes a reputa uma salvaguarda dos seus interesses e a vindicatriz de seus direitos. É contra este sofisma que ora me insurjo.
Que é tirania, senhores?
Omnis definitio periculosa, diziam os escolásticos; mas creio não errar definindo tirania o indébito e opressivo poder exercido por um, ou por poucos, contra a grande maioria dos seus conterrâneos.

Ora, esta definição maravilhosamente quadra ao chamado poder da imprensa. 
Sim, ela é o poder de poucos sobre a massa popular. 
Contai o número imenso de homens que não figuram, que não podem figurar na imprensa, uns porque lhes faltam aptidões, outros por negação a esse gênero de atividade, outros porque não têm dinheiro ou relações que lhes abram as portas dos jornais.
Contai, por outra parte, o minguado número de jornalistas, – e dizei-me se não se trata de uma verdadeira oligarquia, do temeroso predomínio de um pugilo, de um grupinho de homens sobre a quase totalidade do seus concidadãos.

E que poder exerce esse grupo minúsculo? Enorme.
A imprensa pode, efetivamente, influir no governo de um país, constituindo aquilo que já se chamou o quarto poder do Estado”.
(O frade estrangeiro e outros escritos, Edição da Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, 1953, pp. 80-81).

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